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segunda-feira, 26 de março de 2012

O PORCO HOMEM.


O masculino é um porco grande e gordo. Dependente de anseios e visões, irracionais, de um feminino erudito.
Os porcos são aos meus olhos os mamíferos mais asquerosos que já vi passar. A dependência idearia de um feminino erudito é puro anseio de porco. Homens dessa estirpe mereceriam a forca. Condeno todos os que pensam assim. Mulheres que mergulham nos idealismos arcaicos, e alheios, são simplesmente asquerosas.
A submissão do Homem a qualquer ideia incomum para com o individuo, já é em si uma castração de intelecto.
O sentimento é de minuto ao eterno subjugado por essa crítica assídua, incessável, particular adotada e moldada. Com bases clássicas, a tendência de lembrar sempre que toda a ideia de ‘sentir’ é pura opinião de um homem que nunca conheci.
O sentimento não me traz boas lembranças. Mulheres maltratadas por um suposto amor eterno. Homens recuados e diminutos conseguem nada além de um sofrimento por um sentir metafísico herdado. Romances efêmeros que sucumbem o passado tão estreito com outras coisas. Pessoas que anseiam para possuir outras constantemente e fecham os olhos para o além-mar. O sentimento é uma explosão emocional efêmera que não treme a minha terra, exerce condição de água.
Isso é fruto do mau mapeamento corpóreo particular de cada um. É impossível frequentar o alheio e maleá-lo sem (a priori) usufruir do real. Sim, o sentimento faz parte de todo resto que é opinião (“Nada existe senão os átomos e o espaço vazio, todo o resto é opinião.”)
Não sei se é provável o total desligamento da opinião. Contudo isso não implica que eu como ser pensante tenha necessidade de seguir um rio antigo. Tenho para mim palavras antigas de criação, a beleza pode ser criada por nós. O criar em minha audição tem som de poder, e o poder ver os meus sucos e criar uma visão nova pra eles é estupendo. Em todo não quero meus mitos, não pretendo ter meus deuses, cultuar coisas assim, isso não tem mais espaço em meu pensar. O quadro em que estou é de mera observadora. Sim, existiu uma evolução, antes fui absorvedora. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

REGINALDO BORGES

"A quimera da liberdade de 68 amalgamada ao cenário do classicismo: sincronia das temporalidades." 

HERMANN HESSE



Sonho de uma flauta, o conto.
“Toma” – disse meu pai, e entregou-me uma pequena flauta de osso – “leva isso e não esqueças teu velho pai, quando alegrares com tua música as pessoas nas terras distantes. Já é tempo de agora veres o mundo e aprenderes alguma coisa. Mandei fazer a flauta para ti, porque não sabes mesmo nenhum outro ofício e só gostas de cantar, Mas pensa também em só tocar sempre canções bonitas e agradáveis, senão seria pena pelo dom que Deus te concedeu.”

Meu querido pai entendia pouco de música, não era um sábio; pensava que eu tinha apenas de soprar a linda flautinha e tudo estaria bem. Eu não queria decepcioná-lo, por isso agradeci, botei a flauta no bolso e me despedi.

Nosso vale me era conhecido até o grande moinho; depois então começava o mundo, e ele me agradou bastante. Uma abelha cansada do vôo pousou na minha manga, e eu a levei comigo, a fim de que no meu primeiro descanso tivesse um mensageiro para mandar de volta, como um cumprimento à minha terra.

Bosques e prados acompanhavam meu caminho, e o rio corria junto, vigorosamente; eu vi, o mundo diferia pouco de minha terra. As árvores e flores, as espigas de trigo e as moitas de avelã falavam comigo, cantei com elas suas canções e elas me compreendiam, exatamente como lá em casa; com isso minha abelha também despertou, subiu devagar até meus ombros, voou e tornou a cruzar duas vezes comigo, com seu zumbido profundo e doce, e então voltou para a minha terra.

Aí apareceu diante do bosque uma mocinha, que carregava uma cesta no braço e um largo e sombrio chapéu de palha na cabeça loura.

“Bom dia” – disse-lhe eu – “aonde vais?” “Devo levar a comida aos ceifeiros” – disse ela, e caminhou ao meu lado. “E para onde queres ir ainda hoje?” “Vou para o mundo, meu pai me mandou. Ele acha que devo tocar flauta para as pessoas, mas isso ainda não sei direito, preciso primeiro aprender.” “Bem, bem. E que sabes então direito? Alguma coisa é preciso saber.” “Nada de especial. Sei cantar canções.” “Que canções?” “Canções de todo tipo, sabes, para a manhã e para a tarde e para todas as árvores e bichos e flores. Agora, por exemplo, eu poderia cantar uma bonita canção de uma mocinha que vem saindo do bosque e traz comida para os ceifeiros.”

“Podes fazer isso? Então canta um pouco!” “Sim, mas como te chamas mesmo?” “Brigite”.

Então cantei a canção da linda Brigite com o chapéu de palha, o que ela traz na cesta, e como as flores olham para ela, e a trepadeira azul da grade do jardim sente saudades dela, e tudo o que se podia dizer. Ela prestou atenção seriamente e disse que estava bom. E quando lhe contei que estava com fome, ela levantou a tampa de sua cesta e apanhou para mim um pedaço de pão. Como mordi um pedaço e continuei firmemente a andar, ela disse:

“Não se deve comer andando. Uma coisa depois da outra.” Nos sentamos na grama e eu comi meu pão e ela cruzou as mãos morenas em volta da perna e ficou me olhando. “Queres cantar ainda alguma coisa para mim?” – perguntou então, quando terminei. “Quero, sim. Que deve ser?” “Sobre uma moça que está triste porque o amado partiu.” “Não, isso não posso. Não sei como é isso, e a gente também não deve ficar tão triste. Eu só devo cantar canções gentis e alegres, disse meu pai. Vou cantar para ti sobre o cuco ou a borboleta.” “E do amor não sabes nada?” – perguntou ela, então. “Do amor? Ora, claro, isso é o mais bonito de tudo.”

Imediatamente comecei a cantar sobre o raio de sol que ama as papoulas vermelhas e como ele brinca com elas e fica cheio de alegria. E sobre a fêmea do tentilhão, quando espera por ele e quando ele vem, ela voa para longe e parece amedrontada. E continuei a cantar sobre a menina dos olhos castanhos e sobre o rapaz que chega, canta e por isso recebe um pão de presente; mas agora ele não quer mais pão, ele quer um beijo da donzela e quer olhar os seus olhos castanhos, e continua a cantar tanto tempo e não termina, até que ela começa a rir e lhe fecha a boca com seus lábios.

Aí Brigite debruçou-se e fechou-me a boca com os lábios e fechou os olhos e tornou a abrir e eu olhei as estrelas castanho-douradas bem perto, eu próprio estava refletido ali dentro e um par de brancas flores do prado também.

“O mundo é muito bonito” – disse eu – “meu pai tinha razão. Mas agora quero te ajudar a carregar isso para que cheguemos até tua gente.” Tomei-lhe a cesta e continuamos a andar, seu passo combinava com o meu e sua alegria com a minha, e o bosque suave e fresco falava da montanha em volta; eu nunca havia caminhado com um prazer tão grande. Durante longo tempo cantei alegremente, até que tive de parar de tanta satisfação; eram coisas demais que rumorejavam e contavam-se sobre o vale e a montanha e a grama e a folhagem e o rio e a floresta.
Aí pensei: se pudesse compreender e cantar ao mesmo tempo essas mil canções do mundo, das gramas e flores e gente e nuvens e tudo, da floresta velha e do pinheiral e também de todos os bichos, e além disso ainda canções dos mares longínquos e montanhas, e as das estrelas e luas, e se tudo isso pudesse ressoar e cantar em mim ao mesmo tempo, então eu seria o querido Deus, e a cada nova canção deveria ficar no céu como uma estrela.

Mas enquanto eu assim pensava, estava silencioso e maravilhado, porque aquilo antes nunca me ocorrera, Brigite parou e segurou a alça da cesta.

“Agora devo ir lá em cima” – disse ela – “lá no campo está nossa gente. E tu, para onde vais? Vens comigo?” “Não, ir contigo não posso. Preciso ir pelo mundo. Obrigado pelo pão, Brigite, e pelo beijo; vou pensar em ti.”.

Ela segurou a cesta de comida, e sobre a cesta seus olhos novamente se inclinaram para mim em sombras castanhas, e seus lábios prenderam-se aos meus e seu beijo foi tão bom e carinhoso, que quase fiquei triste de tanto prazer. Então gritei rápido: “Vai com Deus” – e marchei apressadamente pela estrada acima.

A moça subiu devagar a montanha, e sob as folhas de faia penduradas na orla do bosque, parou e olhou na minha direção, e quando lhe acenei com o chapéu, ela tornou a balançar a cabeça e desapareceu silenciosamente, como uma miragem, para dentro da sombra do bosque.

Eu, porém, continuei tranquilamente meu caminho, e estava imerso em meus pensamentos, quando a estrada dobrou numa curva. Lá havia um moinho e, perto, um barco na água; dentro estava sentado um homem sozinho e parecia apenas esperar por mim, pois quando tirei o chapéu e entrei no barco, este, em seguida, começou a andar e deslizou rio abaixo. Eu estava sentado no meio do barco, e o homem atrás, no leme, e quando lhe perguntei para onde íamos, ele levantou os olhos cinzentos e encarou-me com um olhar velado;

“Para onde quiseres” – disse, com uma voz abafada. “Rio abaixo e para o mar, ou para as grandes cidades, podes escolher. Tudo me pertence.” “Tudo te pertence? Então és o rei?” “Talvez” – disse ele. “E, ao que me parece, tu és um poeta, não? Então canta-me uma canção de viagem!”

Fiz um esforço, estava com medo do homem grisalho e sério, e nosso barco deslizava rápido e silencioso pelo rio. Cantei sobre o rio, que carrega o barco e reflete o Sol e rumoreja mais forte nas margens dos rochedos e completa alegremente seu passado.

O rosto do homem continuou impassível, e quando prestei atenção, ele balançava a cabeça como um sonhador. Então, para meu espanto, ele próprio começou a cantar, e também cantava sobre o rio, e sobre a viagem do rio através dos vales, e sua canção era mais bela e poderosa que a minha, mas tudo soava diferente.

O rio, tal como ele o cantava, vinha como um destruidor vacilante pela montanha abaixo, escuro e selvagem; furioso, ele se sentia dominado pelos moinhos, coberto pelas pontes, detestava cada navio que precisava carregar, e, em suas ondas e nas longas e verdes plantas aquáticas, rindo, balançava os corpos brancos dos afogados.

Isso tudo não me agradou, e entretanto era tão belo e cheio de um acento invisível, que fiquei completamente desorientado e angustiado e me calei. Se era certo o que esse velho, sensível e inteligente cantor, cantou com sua voz velada, então todas as minhas cantigas não passavam de tolices e brincadeiras bobas de criança. Então o mundo, por causa delas, não era bom e luminoso como o coração de Deus, e sim escuro e triste, mau e sombrio, e quando os bosques murmuravam, não era de alegria, e sim de martírio.

Seguimos adiante, e as sombras foram longas, e de cada vez que comecei a cantar, meu canto soava menos claro, e minha voz tornava-se mais baixa, e cada vez o cantor desconhecido respondia com uma canção que tornava o mundo ainda mais enigmático e penoso, e me tornava ainda mais tímido e triste.

Minha alma doía e eu me arrependia de não ter ficado em terra, perto das flores ou da linda Brigite, e para sentir-me seguro no crepúsculo que crescia, recomecei a cantar e cantei na luz vermelha da tarde a canção de Brigite e de seu beijo.

Aí o crepúsculo começou, e eu emudeci, e o homem no leme cantou, e ele também cantava sobre o amor e a alegria do amor, sobre olhos castanhos e azuis, sobre lábios vermelhos e úmidos, e era lindo o que ele cantava, cheio de dor, sobre o rio escurecido, mas em sua canção também o amor se tornara sombrio e temível, e um segredo mortal, no qual os homens aflitos e feridos tocavam com seu desejo e sua saudade, e com o qual se martirizavam e se matavam uns aos outros.

Escutei e fiquei tão cansado e aflito, como se já estivesse viajando desde muito tempo e houvesse passado por grande miséria e desgraça. Vinda do estranho, sentia cair sobre mim uma torrente silenciosa e fria de tristeza e receio, a penetrar no meu coração.

“Pois bem, a vida não é o que há de mais elevado e mais belo” – gritei afinal amargamente – “e sim a morte. Então te peço, rei triste, canta-me uma canção da morte!”

O homem no leme cantou somente sobre a morte, e cantou melhor do que eu jamais ouvira cantar. Mas a morte também não era o que havia de mais elevado e mais belo, nela também não se encontrava consolo. A morte era vida e a vida era morte, e elas estavam entrelaçadas numa perpétua e furiosa luta de amor, e isso era a última coisa e o sentido do mundo, e dali vinha um clarão, que parecia querer valorizar toda miséria, e de outro lado vinha uma sombra que perturbava toda alegria e beleza e as envolvia na escuridão, a alegria ardia mais íntima e bela, e o amor queimava mais profundamente nessa noite.

Escutei e fiquei bem quieto, não tinha mais nenhuma vontade dentro de mim além da vontade do estranho. Seu olhar repousou sobre mim, tranqüilo e com uma certa bondade triste, e seus olhos cinzentos estavam cheios da dor e da beleza do mundo. Ele me sorriu, e então achei nele um coração, e pedi na minha dor:

“Ah, vamos voltar! Sinto medo aqui na noite e queria retornar para onde posso encontrar Brigite, ou para a casa de meu pai.” O homem levantou-se e espiou a noite, e sua lanterna iluminou claramente seu rosto magro e firme.

“Para trás não há caminho” – disse sério e amável. “A gente precisa ir sempre para a frente, quando quer penetrar o mundo. E da garota dos olhos castanhos já tiveste o melhor e o mais belo, e quanto mais longe estiveres dela, melhor e mais lindo isso vai se tornar. Ainda assim, segue sempre para onde quiseres, vou te ceder meu lugar no leme!”

Eu estava triste demais, e, entretanto, vi que ele tinha razão. Cheio de saudade pensei em Brigite e na minha terra e em tudo que me fora próximo e luminoso e que me pertencera, e que eu agora havia perdido. Mas queria tomar o lugar do desconhecido e dirigir o leme. Assim devia ser.

Por isso levantei-me em silêncio e fui andando pelo barco até o lugar do leme, e o homem veio em silêncio ao meu encontro, e quando já estávamos perto um do outro, olhou-me firmemente no rosto e entregou-me sua lanterna.

Entretanto, quando me sentei ao leme com a lanterna do meu lado, estava sozinho no barco; percebi isso com profunda estranheza, o homem desaparecera, e, contudo, eu não estava amedrontado, já pressentira isso. Pareceu-me que o lindo dia da caminhada e Brigite e meu pai e minha terra tinham sido apenas um sonho, e que eu era velho e aflito, e que desde sempre e sempre viajava sobre esse rio noturno.

Compreendi que não devia chamar pelo homem e a percepção da verdade atingiu-me como a geada.

Para certificar-me do que imaginava, debrucei-me sobre a água e ergui a lanterna, e do escuro espelho de água um rosto duro e sério me olhou com olhos cinzentos, um rosto velho, sábio, e vi que aquele era eu.

E como nenhum caminho voltava atrás, continuei seguindo sobre a água escura dentro da noite.

O MÁGICO DE OZ.

"Como é que um escravo se torna um rei? Coragem! O que fazem as bandeiras no mastro tremularem? Coragem! O que faz um elefante atacar com sua presa no nevoeiro ou no anoitecer? O que faz o rato almiscarado guardar seu almíscar? Coragem! O que faz da esfinge a Sétima Maravilha? Coragem! O que faz o raiar do dia surgir como um trovăo? Coragem! Porque os hotentotes săo tăo quentes? O que o pőe a "dama" no damasco? O que eles tęm que eu năo tenho? Coragem! " 


O LEÃO,

sábado, 17 de março de 2012

Coração Vagabundo


Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher
Que passou por meus sonhos

Paixão

"Tens um não sei que de paraíso
E o corpo mais preciso
Que o mais lindo dos mortais.
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já tocou."

Kleiton e Kledir

sexta-feira, 16 de março de 2012

Ode. ♥

Olha só,
Moreno do cabelo enroladinho
Vê se olha com carinho pro nosso amor,
Eu sei que é complicado amar tão devagarzinho
E eu também tenho tanto medo,
Eu sei que otempo anda difícil e a vida tropeçando,
Mas se a gente vai juntinho, vai bem.
E eu não sei se você sabe, mas eu ando aqui tentando
E a gente tem o eterno amor de além. 
E eu me pergunto o que é que eu sou.
Vai ver eu não sou mesmo nada
E eu me pergunto o que é que eu fiz
Vai ver eu não fiz mesmo nada,
Eu penso tanto em desistir
Mas afinal, não ganhei nada. 
 

Mallu Magalhães

Bandolins


"Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos bandolins... "

Se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando amada, se julgando.

MPB ♥


Pra que que eu vou cantar
Se você não vai escutar
A voz do coração
Deste compositor popular
Não não não vou chorar
Se bem que eu tinha razão
Mas isso não é bossa nova
Nem samba-canção
Só quero que você
Seja minha ouvinte
Mas você não me dá ouvidos
Então é o seguinte

Fiz essa canção só pra você
Mas pra quê?
Se você gosta só de mpb
E eu sou puro
Puro rock n' roll
Com meus três pobres acordes
Meu bem acorde
Venha ver meu show

Fiz essa canção só pra você
Mas pra quê?
Se você gosta só de mpb
E eu sou puro
Puro rock n' roll
E eu sou puro
Puro rock n' roll
E eu sou puro
Puro rock n' roll

Pretty woman, walking down the street
Pretty woman.

Não adianta,


Não adianta,
Não adianta nada ver a banda,
Tocando "A Banda" em frente da varanda,
Não adianta o mar,
E nem a sua dor.

Não adianta,
Não adianta o bonde, a esperança,
E nem voltar um dia a ser criança,
O sonho acabou,
E o que adiantou?

Não tenho pressa,
Mas tenho um preço,
E todos tem um preço,
E tenho um canto,
Um velho endereço,
O resto é com vocês,
O resto não tem vez.

O que importa,
É que já não me importa, o que importa,
É que ninguém bateu em minha porta,
É que ninguém morreu,
ninguém morreu por mim.

Não quero nada,
Não deixo nada, que não tenho nada,
Só tenho o que me falta e o que me basta,
No mais é ficar só,
Eu quero ficar só.

Não adianta,
Não adianta, que não adianta,
Não é preciso, que não é preciso,
Então pra que chorar?
Então pra que chorar?
Quem está no fogo, está pra se queimar,
Então pra que chorar?



Palavras

"Não, não vá me dizer palavras que venham
Me fazer chorar depois
Eu sei que vou viver
Por muito tempo ainda
Das lembranças de nós dois. " 

quinta-feira, 15 de março de 2012

página 94.

"Enquanto as pessoas são mais ou menos jovens e a partitura de suas vidas está somente nos primeiros compassos, elas podem compô-la juntas e trocar os motivos, mas quando se encontram numa idade mais madura, suas partituras estão mais ou menos terminadas, e cada palvra, cada objeto, significa algo diferente na partitura de cada um. " 

Dele.

- Zeca Baleiro, Balada do Céu Negro, "Pra onde vão desejos?", "Palavras sem razão". Senti saudade, saudade, saudade do seu corpo.

Chanson Bleue

Je vais te faire une chanson bleuePour que tu aies des rêves d'enfantOù tes nuits n'auront plus de tourmentsAlors, le jour, tu vas chanterPour que les autres puissent espérer...Quand le monde l'aura appris,Tu pourras quitter la vie.Tu viendras chanter dans les cieux...Chanson Bleue...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Cry

“Eu descia correndo e lhe abria a porta da cozinha, que Matilde apenas ultrapassava. Encostava-se na parede da cozinha, a respiração curta, e me arregalava os olhos negros." - Leite Derramado, Chico Buarque. 

A Quoi ÇA Sert L'amour ♥


Viviane Mosé

quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos?
o tempo andou riscando meu rosto
com uma navalha fina

sem raiva nem rancor
o tempo riscou meu rosto
com calma
  
(eu parei de lutar contra o tempo
ando exercendo instantes
acho que ganhei presença)


acho que a vida anda passando a mão em mim.
a vida anda passando a mão em mim.
acho que a vida anda passando.
a vida anda passando.
acho que a vida anda.
a vida anda em mim.
acho que há vida em mim.
a vida em mim anda passando.
acho que a vida anda passando a mão em mim


                      e por falar em sexo quem anda me comendo
é o tempo
na verdade faz tempo mas eu escondia
porque ele me pegava à força e por trás

um dia resolvi encará-lo de frente e disse: tempo
se você tem que me comer
que seja com o meu consentimento
e me olhando nos olhos

acho que ganhei o tempo
de lá pra cá ele tem sido bom comigo
dizem que ando até remoçando.



is

is empty. Uma vontade de tudo perante o nada.

A Ópera


Já não tinha voz, mas teimava em dizer que a tinha. “O desuso é que me faz mal”, acrescentava. Sempre que uma companhia nova chegava da Europa, ia ao empresário e expunha-lhe todas as injustiças da terra e do céu; o empresário cometia mais uma, e ele saía a bradar contra a iniqüidade. Trazia ainda os bigodes dos seus papéis. Quando andava, apesar de velho, parecia cortejar uma princesa de Babilônia. As vezes, cantarolava, sem abrir a boca, algum trecho ainda mais idoso que ele ou tanto - vozes assim abafadas são sempre possíveis. Vinha aqui jantar comigo algumas vezes. Uma noite, depois de muito Chianti, repetiu-me a definição do costume, e como eu lhe dissesse que a vida tanto podia ser uma ópera, como uma viagem de mar ou uma batalha, abanou a cabeça e replicou:
—A vida é uma ópera e uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimirás, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimirás. Há coros a numerosos, muitos bailados, e a orquestração é excelente…
—Mas, meu caro Marcolini…
—Quê…
E depois, de beber um gole de licor, pousou o cálix, e expôs-me a história da criação, com palavras que vou resumir.
Deus é o poeta. A música é de Satanás, jovem maestro de muito futuro, que aprendeu no conservatório do céu. Rival de Miguel, Raiael e Gabriel, não tolerava a precedência que eles tinham na distribuição dos prêmios. Pode ser também que a música em demasia doce e mística daqueles outros condiscípulos fosse aborrecível ao seu gênio essencialmente trágico. Tramou uma rebelião que foi descoberta a tempo, e ele expulso do conservatório. Tudo se teria passa do sem mais nada, se Deus não houvesse escrito um libreto de ópera do qual abrira mão, por entender que tal gênero de recreio era impróprio da sua eternidade. Satanás levou o manuscrito consigo para o inferno. Com o fim de mostrar que valia mais que os outros, e acaso para reconciliar-se com o céu,—compôs a partitura, e logo que a acabou foi levá-la ao Padre Eterno.
—Senhor, não desaprendi as lições recebidas, disse-lhe. Aqui tendes a partitura, escutai-a emendai-a, fazei-a executar, e se a achardes digna das alturas, admiti-me com ela a vossos pés…
—Não, retorquiu o Senhor, não quero ouvir nada.
—Mas, Senhor…
—Nada! nada!
Satanás suplicou ainda, sem melhor fortuna, até que Deus, cansado e cheio de misericórdia, consentiu em que a ópera fosse executada, mas fora do céu.Criou um teatro especial, este planeta, e inventou uma companhia inteira, com todas as partes, primárias e comprimárias, coros e bailarinos.
—Ouvi agora alguns ensaios!
—Não, não quero saber de ensaios. Basta-me haver composto o libreto; estou pronto a dividir contigo os direitos de autor.
Foi talvez um mal esta recusa; dela resultaram alguns desconcertos que a audiência prévia e a colaboração amiga teriam evitado com efeito, há lugares em que o verso vai para a direita e a música, para a esquerda. Não falta quem diga que nisso mesmo está a além da composição, fugindo à monotonia, e assim explicam o terceto do Aden, a ária de Abel, os coros da guilhotina e da escravidão. Não é raro que os mesmos lances se reproduzam, sem razão suficiente. Certos motivos cansam à força de repetição. Também há obscuridades; o maestro abusa das massas corais, encobrindo muita vez o sentido por um modo confuso. As partes orquestrais são aliás tratadas com grande perícia. Tal é a opinião dos imparciais.
Os amigos do maestro querem que dificilmente se possa acha obra tão bem acabada. Um ou outro admite certas rudezas e tais ou quais lacunas, mas com o andar da ópera é provável que estas sejam preenchidas ou explicadas, e aquelas desapareçam inteiramente, não se negando o maestro a emendar a obra onde achar que não responde de todo ao pensamento sublime do poeta. Já não dizem c mesmo os amigos deste. Juram que o libreto foi sacrificado, que a partitura corrompeu o sentido da letra, e, posto seja bonita em alguns lugares, e trabalhada com arte em outros, é absolutamente diversa e até contrária ao drama. O grotesco, por exemplo, não está no texto do poeta; é uma excrescência para imitar as Mulheres Patuscas de Windsor. Este ponto é contestado pelos satanistas com alguma aparência de razão. Dizem eles que, ao tempo em que o jovem Satanás compôs a grande ópera, nem essa farsa nem Shakespeare eram nascidos. Chegam a afirmar que o poeta inglês não teve outro gênio senão transcrever a letra da ópera, com tal arte e fidelidade, que parece ele próprio o autor da composição; mas, evidentemente, é um plagiário.
—Esta peça, concluiu o velho tenor, durará enquanto durar o teatro, não se podendo calcular em que tempo será ele demolido por utilidade astronômica. O êxito é crescente. Poeta e músico recebem pontualmente os seus direitos autorais, que não são os mesmos, porque a regra da divisão é aquilo da Escritura: “Muitos são os chamados, poucos ao escolhidos”. Deus recebe eu ouro, Satanás em papel.
—Tem graça…
—Graça? bradou ele com fúria; mas aquietou-se logo, e replicou: Caro Santiago, eu não tenho graça, eu tenho horror à graça. Isto que digo é a verdade pura e última. Um dia. quando todos os livros forem queimados por inúteis, há de haver algum, pode ser que tenor, e talvez italiano, que ensine esta verdade aos homens. Tudo é música, meu amigo. No princípio era o dó, e do dó fez-se ré, etc. Este cálix (e enchia-o novamente), este cálix é um breve estribilho. Não se ouve? Também não se ouve o pau nem a pedra, mas tudo cabe na mesma ópera…


Chico.

"E quando você me cantasse uma berceuse eu poderia enxergar uma lagrima em cada olho seu, o mesmo par de lágrimas de quando você toca piano..."
Leite Derramano.

Tiê - Aula de Francês





terça-feira, 13 de março de 2012

Carroll, Lewis

Would you tell me, please, which way I ought to go from here? That depends a good deal on where you want to get to. Said the Cat. I don't much care where -- Said Alice. Then it doesn't matter which way you go, said the Cat.